Portugal 17
de Dezembro de 2014
Terminei o texto anterior com o
parágrafo: “E depois do adeus (à
Champions)? Há um jogo para ganhar no
estádio da Galinha. Não sei como, mas é
para ganhar...”
Pois acabei(mos) de descobrir mais
uma maneira para ser superiores aos que são apontados como sendo os “melhores”:
com 1 ponta de lança móvel (Lima) e meio
campo reforçado com mais 1 unidade (Talisca). Não jogamos no 4-2-3-1 que
Jesus idealizou para a Champions na época 2011/2012 e para alguns jogos
difíceis do campeonato (por exemplo, o fatídico jogo no FCP que perdemos no
último minuto), mas sim numa espécie de 4-1-4-1 ou 4-5-1 quando não tínhamos a
posse de bola, e num 4-4-1-1 a derivar para um 4-4-2 em losango, quando
tínhamos a posse de bola.
No futebol como na vida, estamos sempre a aprender.
Para explicar a minha posição
relativamente a Lima (que tenho apontado como não tendo qualidade para os
objectivos porque luta o Benfica) vou colocar umas palavras que troquei com um
amigo benfiquista, minutos antes do jogo. Ele ligou-me para me perguntar se eu
já sabia qual era a equipa, disse-lhe que não, e ele lá foi dizendo qual era.
Ao chegar ao avançado fez um pouco de “suspense” e perguntou se eu atirava um
palpite. Respondi que não me atrevia, mas que entre Lima e Jonas, um deveria
ser. Então ele disse que era o Lima e começou a “malhar” em Jorge Jesus,
dizendo que não o percebia pois parecia-lhe
que “não queria ganhar o jogo”. Respondi que não podia ver as coisas assim,
e que se JJ o tinha colocado lá saberia as razões tácticas ou outras, para o
fazer. E até lhe dei o exemplo que se Lima jogasse os primeiros 60 mn e não
marcássemos, JJ ficava com um trunfo na mão, que era o Jonas, uma vez que sendo
um jogador de grande qualidade e visão de jogo, iria aproveitar-se do desgaste
dos adversários para tentar marcar no mínimo 1 golo.
Isto das “armas secretas” que
entram em jogo e marcam golos tem uma explicação “científica”: aos 60 mn os adversários já correram cerca
de 6 km, enquanto as “armas secretas” estão “frescas” e movimentam-se mais
rapidamente podendo tirar partido da sua qualidade técnica. Comparemos a
diferença de rendimento de Nuno Gomes quando jogava a titular ou entrava como
suplente. Idem com Mantorras, o homem dos golos no último minuto. Entre muitos
outros bons exemplos.
Bom, o meu amigo lá ficou mais
calmo e no final lá teve de reconhecer o grande erro de avaliação que cometera.
Acerca da importância do Lima na
equipa não vou alterar a minha opinião porque marcou estes dois golos, pelos quais lhe ficarei eternamente grato,
uma vez que para mim ganhar em casa do FCP é quase como ganhar o campeonato. Se
repararmos na forma como foram obtidos, se calhar não empolávamos tanto este
assunto. O primeiro golo nasceu de um erro de marcação dos defesas centrais do
FCP (uma dupla que não jogava junta há uns tempos) também provocado por outro
jogador do Benfica que se faz à bola lançada por Maxi e os arrasta com ele.
Sobrou assim espaço para Lima entrar no local onde a bola saltou no relvado. O
segundo golo nasce de uma defesa incompleta de Fabiano a um remate de Talisca e
Lima estava no sítio certo.
Também César Brito ou Nuno Gomes
marcaram os dois golos das vitórias do Benfica em casa do FCP e nem por isso
passaram a ser jogadores mais imporantes.
O que importa reter desta grande
vitória que nos dá uma boa (mas não decisiva) “almofada” de 6 pontos para o que
resta do campeonato, é que não
precisamos da nota artística para ganhar jogos, e que uma mistura da
táctica adequada, sempre em torno do 4-2-3-1 ou 4-1-4-1, que pressupõe uma
atitude humilde perante o adversário, mais uma boa dose de concentração e
alguma sorte à mistura, e temos os condimentos para uma grande vitória. Das
difíceis.
Deveríamos aproveitar esta vitória para pensar melhor o que queremos
para o futebol da nossa equipa pois é possível que as “teorias” reinantes no
clube/SAD, nas últimas décadas, estejam erradas e desligadas da realidade do
futebol actual.