Portugal 27 de Maio
de 2016
Em 7 de Março
quando publiquei aqui o texto “o
campeonato começa agora” referi estes parágrafos:
“Hoje a realidade é a que se sabe. A equipa
mais concretizadora do campeonato tem tido o seu sucesso relativo, é a melhor
equipa na 2ª volta e com a vitória em
Alvalade, na minha opinião entra na 3ª fase do campeonato: a fase da
confirmação. Diria que a 1ª fase (10 jogos, 3 derrotas), a fase da “estrutura” que planeou a
promoção de Gonçalo Guedes, Nélson Semedo e até Victor Andrade, terminou na
recepção ao Boavista, com a primeira utilização de Renato Sanches (entrou aos
93 mn), para além do apagamento (por razões diversas) de todos os três nomes da
formação que a “estrutura” havia lançado. Depois tivemos uma 2ª fase (15 jogos, 1 empate, 1 derrota) iniciada com a vitória
em Braga onde as circunstâncias fortuitas
que levaram à titularidade de Renato (abaixamento de forma ou castigos de
Samaris, mais as lesões de Fejsa e Sálvio) acabaram por proporcionar outro tipo
de jogo, mais musculado no meio campo e mais eficaz defensiva e ofensivamente. Diria
que foi uma fase de transformação
porque se alteraram quase todas as premissas do planeamento, embora devido a
circunstâncias fortuitas, tendo-se encontrado uma melhor solução de jogo.
E entramos na 3ª
fase como primeiros classificados, uma fase de confirmação, onde iremos
fazer 9 jogos e onde seremos testados aos limites, no campo psicológico, físico
e no jogo jogado”.
Quando referi nessa
altura que Renato veio alterar o modelo de jogo do Benfica, para muito melhor
já que passou a ser mais eficaz em termos de vitórias, muitos foram os que
viram nessas frases as ideias de um exacerbado adepto de Renato. Hoje, muita
gente na comunicação social já percebeu e dá o devido destaque à entrada de
Renato na equipa. E como tal as perguntas já incluem Renato.
Tenho estima pelo
trabalho que Rui Vitória fez, mas discordo dele quando diz que a entrada de
Renato foi “pensada”. Porque não foi pensada. Se ele ler a revista Mística de
Outubro/Novembro, verá as fotos de 6 jogadores do Benfica, com um título que
envolve a “Formação” e o “futuro do Benfica” (não tenho aqui o exemplar, por
isso cito de memória). Eram eles Gonçalo Guedes (destaque principal), Victor
Andrade, Nuno Santos, Lindeloff, João Teixeira e Nélson Semedo. Nessa revista de promoção à “Formação” e ao
“futuro do Benfica” não consta Renato Sanches!
Porque de facto Renato foi um (bom) acaso do futebol, e
gostaria de ver mais tarde RV desdizer o que já disse, porque a ele não tenho
por mentiroso, como tenho ao presidente do Benfica e ao Administrador da SAD,
Soares Oliveira... Renato entrou na
equipa sem qualquer plano (pela idade talvez estivesse reservado para o ano
seguinte), sem qualquer noção do seu
potencial. Entrou porque 1) Samaris acumulava cartões amarelos e antes do
jogo em Braga estava com 4 amarelos, 2) Fejsa e Gaitan com as habituais lesões
musculares não garantiam segurança nas opções do meio campo, 3) Guedes foi-se
apagando após brilharete na vitória em Madrid, 4) Sálvio tal como Nuno Santos
continuavam lesionados reduzindo as opções do meio campo.
Tendo Renato sido
uma feliz coincidência do futebol, seria
bom ter um pouco de humildade e lucidez na forma como dedicamos elogios aos
vários responsáveis pela vitória no campeonato.
Porque para além
deste acaso feliz do Renato, a partir da 11ª jornada temos de destacar toda a
equipa enquanto jogadores que cumprem um plano de jogo e jogam com a alma dos
adeptos, temos de destacar o treinador porque fez os planos de jogo certos (ganhou,
acertou), porque teve o discurso certo e uma liderança tranquila, e também
temos de destacar em particular os 32 golos de Jonas ou os 20 de Mitroglou, sem
querer particularizar muto porque, queria-se ou não, o futebol é um jogo de
colectivos.
Dito isto, qual o
interesse destas conclusões? Simples: se
falhasse um destes parâmetros que referi, muito possivelmente não teríamos sido
campeões, uma vez que o rival perdeu o campeonato porque empatou um jogo que
teria que ter ganho. Foi portanto por uma “nesga”.
E as “nesgas” obtêm-se
por detalhes. Não os que a “estrutura” de Vieira decide, porque regra geral decide contra os interesses do Benfica, mas os
detalhes do futebol, como os golos de difícil execução nas vitórias por 1 golo,
o penalty falhado pelos adversários, a bola no poste, etc., e também o discurso
sobranceiro do rival que se transmitiu aos próprios jogadores.
Para o ano eles
estarão melhor porque mantém a base da equipa e aprenderam com alguns erros
cometidos. E nós como estaremos? Não
podemos desvalorizar as notícias sobre vendas de jogadores e contratações de outros,
porque o mesmo Vieira que disse que ia utilizar o dinheiro dos contratos
televisivos para saldar o passivo financeiro, é o mesmo Vieira que a seguir
lança um empréstimo obrigacionista para manter a divida financeira elevada. A
mentira nesta “estrutura” é como o ar que se respira...