sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Miopia intelectual



Portugal 21 de Novembro de 2014

A última jornada já ficou lá atrás, mas os ecos dos erros de arbitragem andaram vários dias por aí, estampados nas páginas dos jornais ou declamados nos programas de rádio e televisão. Nada que não estejamos habituados, em particular quando ganhamos avanço pontual à concorrência de FCP e SCP, mas a que não temos de nos resignar. Ser “grande” implica saber distinguir o descartável, do essencial, e saber como reagir quando alguém tenta alterar e inverter estes conceitos, tornando essencial o que é descartável, e descartável o que é essencial.
De acordo com as imagens mais vistas e os destaques mais assinalados, no jogo Nacional – Benfica, aos 70 mn, existiu um fora de jogo mal assinalado ao ataque do Nacional, que tinha grandes probabilidades de dar golo. E como o Benfica venceu 2-1, está bom de ver que a sugestão não inocente, aponta para um benefício pontual do Benfica.
No jogo SCP - Paços, pelos mesmos critérios mediáticos, aos 86 mn vimos um golo mal invalidado ao ataque do SCP que poderia dar o 2-1 e mais 3 pontos, em vez dos 2 pontos perdidos (que se somam aos 3 pontos ganhos pelo Benfica).
No jogo Estoril – FCP, não sei bem o que reclamaram os portistas e seus apaniguados da comunicação social, pois o que se soube foi que pressionaram o jogador que o FCP emprestou ao Estoril que converteu o penalty (bem assinalado), como se soube também que o seu treinador fez afirmações sobre os erros dos árbitros, supostas grandes penalidades, e supostos erros atrasados de arbitragem que beneficiaram os concorrentes.
O treinador do FCP não falou do lance em que Couceiro reclamou da grande penalidade não assinalada a favor do Estoril, como não reclamou de várias outras situações que têm beneficiado o FCP, seja no critério disciplinar, seja no critério técnico, como os foras de jogo e os vários lances de grande penalidade não assinaladas contra a sua equipa, em número razoavelmente superior, aos que terão ficado por assinalar a seu favor.
Miopia intelectual?
Quem também sofre deste tipo de miopia são os editores de programas desportivos das várias televisões, uma vez que fizeram “desaparecer” o lance em que Adrien Silva fez grande penalidade a favor do Paços, com 0-0, e centraram as atenções na repetição exaustiva do lance do golo mal invalidado ao SCP.
Idem, idem, os que privilegiaram a repetição do erro que beneficiou o Benfica no jogo com o Nacional, mas não destacaram um fora de jogo de quase 2 metros que passou “despercebido” na 1ª parte, a favor do Nacional, e que podia ter dado um golo “legal” como tantos outros que temos encaixado ao longo dos anos.
Passaram-se já alguns dias, a Selecção venceu a “poderosa” Arménia com um golo de CR7 e as primeiras páginas dos jornais transformaram este “feito” em mais uma das suas proezas. Dias depois vencemos a vice campeã mundial Argentina, com um golo de um rapaz que poucos tinham ouvido falar, e que tem o azar de não se chamar Cristiano Ronaldo. Como tal não houve “proeza” houve sim um “mágico” e um “miúdo”. Mesmo que o “mágico” tenha sido o mesmo que participou no golo contra a Arménia... Miopia de quem decide o que vai e não vai, para a primeira página do jornal....
Para terminar, tivemos uma querela com o Bayern de Munique a propósito do clube que tem maior número de sócios do mundo. A uma alfinetada dos alemães, respondemos de forma contundente, com múltiplas declarações (afinal a Direcção que não existiu após Braga, afinal existe) e um vídeo com várias alfinetadas, uma por cada jogador que foi obrigado a prestar-se ao “papel”. O Benfica tem o maior número de sócios fruto do amor e dedicação que os seus simpatizantes nutrem pelo clube, mas também de campanhas promocionais que praticamente oferecem a condição de associado. A diferença para o Bayern em número de sócios, ainda assim é de poucos milhares e em breve poderemos ser ultrapassados. No último ano, o Bayern vendeu 1 milhão de camisolas. E o Benfica? Não percebemos ou na Direcção do Benfica também há quem sofra de miopia intelectual?