Portugal 2
de Julho de 2014
Terminaram ontem os últimos jogos
dos oitavos de final, que proporcionaram um conjunto de jogos de enorme
qualidade e intensidade futebolística, confirmando que a Selecção de Jorge
Mendes, do BES, da GALP e dos outros patrocinadores, não tinha qualidade para
estar nesta fase da prova.
Uma abordagem despretensiosa e
ligeira indica-nos que nas 8 partidas, apenas
houve golos na 1ª parte em 2 jogos (Brasil-Chile e Colômbia-Uruguai). Uma
conclusão possível é que as Selecções abordaram os jogos maioritáriamente com
preocupações defensivas ou tendencialmente defensivas, montando os seus
esquemas tácticos para explorar o erro adversário, mais do que para o provocar.
Faço notar que nessas Selecções jogam alguns dos considerados melhores do
Mundo, do meio campo para a frente, e como tal depreende-se que também estes
são “obrigados” a desempenhar tarefas que impedem o jogo adversário.
Também se verificou, e aqui pode
mesmo ter sido uma coincidência, que todas
as Selecções que se apuraram em 1º lugar na fase de grupos, passaram aos
quartos de final. 3 delas conseguiram-no no prolongamento (Alemanha,
Argentina e Bélgica) e 2 delas no desempate por grandes penalidades (Costa Rica
e Brasil). Isto permite-nos concluir que só 3 jogos se decidiram nos 90 mn mais
compensações (Holanda – México, Colômbia – Uruguai e França – Nigéria) o que
demonstra o equilíbrio entre Selecções e respectivos processos de jogo.
Reforçando esta conclusão do
equilíbrio entre as Selecções apuradas para os oitavos de final, dos 8
encontros apenas 2 terminaram com 2 golos de diferença, sendo que nestes jogos,
um teve o 2º golo marcado em período de compensações.
Há também o caso do número de
Selecções europeias apuradas, que a dada altura levou alguns filósofos a
concluir por uma má prestação. Nada de mais errado. Por caprichos do sorteio ou
não, das 8 quarto - finalistas, 4 são europeias: Holanda, França, Alemanha e
Bélgica. Passaram sim as que tinham de passar, as que melhor se prepararam, as
que melhor souberam resolver os problemas criados pelas Selecções adversárias.
Para concluir diria que as Selecções apuradas trabalharam com
elevado profissionalismo e concentração no objectivo desportivo. Como a
tradicional e difícil Alemanha que foi das primeiras Selecções a instalar-se,
escolhendo um local com temperaturas e teores de humidade semelhantes às
cidades onde iria jogar, e adoptando planos de treinos que privilegiavam as
horas a que iria disputar os jogos. A Alemanha era o nosso concorrente directo
para a disputa do 1º lugar e os nossos “estrategos” entenderam que podíamos ser
a última Selecção a instalar-se. Viram-se os resultados...
Vêm aí os quartos de final. Há
dois jogos que me chamam a atenção, por poderem produzir surpresas de vulto: o
Brasil – Colômbia e o Argentina – Bélgica. E porquê? Porque são jogos com 2
claros favoritos, tomando como referência o histórico de participações de
Brasil e Argentina, mas que do outro lado têm oponentes moralizados e muito
competentes, que já mostraram saber
marcar muitos golos e defender com qualidade. No ataque vejo a Colômbia
melhor do que a Bélgica, mas nos processos defensivos (é redutor chamar-lhe
“defesa”) vejo uma Bélgica mais eficaz. Como se irão sair Brasil, com a pressão
de jogar em casa e alcançar o “hexa”, e Argentina que quer estar na final, como
mínimo, onde pode encontrar os rivais de sempre, Brasil?
Contudo há um factor que pode
pesar. A pressão! Isto é, este tipo de Selecções que partem como “outsiders”, a
partir de certa altura sentem que afinal também podem ganhar o troféu. Que
afinal mais um jogo e estão nas semifinais. E depois quem sabe? Ora este tipo
de contexto pode ajudar a pressão a instalar-se na equipa, e esta ser derrotada
pela melhor qualidade individual dos jogadores adversários, os quais por seu
lado, no caso de Brasil e Argentina, estão mais habituados a jogar com pressão
do público, da comunicação social e do... momento. Como será desta vez?
Quanto à Holanda apostaria na sua
continuidade em prova, com todo o respeito pela Costa Rica. No jogo França – Alemanha
aposto em tripla embora não me surpreenda que a forte mentalidade dos alemães
se possa vir a sobrepor ao futebol mais apelativo da França. Mas também aqui há
alguns “mas”. Esta Selecção francesa é constituída por bastantes jogadores que
jogam fora do país, Itália e Inglaterra em particular, onde ganharam outra
mentalidade e formas de se relacionarem com o futebol. Este facto pode fazer a
diferença e dar uma boa desforra à França.
Dito isto num cenário conservador
talvez apostasse em Brasil, Argentina, Holanda e Alemanha para as meias-finais.
Num cenário menos conservador talvez aposte no Brasil, Bélgica, Holanda e França.