Portugal 22 de Abril de 2015
Para escrever é preciso alguma
“pica”, alguma excitação mental, mas confesso que a minha tem sido pouca ou
nenhuma. Tenho feito outras coisas que me dão mais prazer. No plano
sentimental, o Benfica continua a ser o Benfica, mas o Benfica é dos sócios e
adeptos, não é meu. Logo não vale a pena tentar mudar o que a maioria não quer
mudar, preferindo a actual atrofia
económico-financeira e os zigue-zagues da gestão directiva, a um debate
sério sobre o caminho a que fomos conduzidos nos últimos 15 anos e o que
perspectivamos ser nas próximas décadas.
Siga para bingo.
Mas nem tudo se resume às minhas
angústias clubísticas. Tem havido algumas coisas que deram ou têm dado “pica” e
alguma excitação desportiva.
1.
No
Hóquei feminino fomos campeões europeus logo na primeira participação.
Fantástico e fantásticas exibições que destroçaram adversárias mais cotadas. Parabéns às senhoras e meninas, bem como ao
Paulo Almeida e demais equipa técnica, que com saber e dedicação
conseguiram construir uma equipa ganhadora. À Benfica.
2.
No
Vólei chegamos à final europeia da Taça Challenge, feito inédito que poucos
acreditavam. Perdemos não só porque o
adversário foi mais equipa e falhou menos, mas porque na inversa fomos menos
equipa e falhamos mais. Falta de experiência? Talvez. Mas o folclore com
que abordamos estas fases finais não ajuda os jogadores a concentrarem-se no
objectivo principal que é o jogo em si mesmo. E com a mediatização da BTV a
coisa fica pior. Terá sido por falta de concentração que Hugo Gaspar discutiu
um ponto atribuído ao adversário no 4º set do 1º jogo, ponto que poderia dar o
20-20 e que acabou por ditar a expulsão dele e 19-21? Logo após o adversário
fez 2 pontos e passou para 23-19, à beira da vitória no set e no encontro, com
se veio a verificar por 25-22. No jogo cá, não se compreende que tenhamos
desperdiçado 2 bolas de set, no primeiro set, e com isso dado moral ao
adversário que sabia precisar de 2 sets para ser campeão. Oferecemos o primeiro
de bandeja. Falta de concentração, na
minha opinião, não por falta de qualidade mas pelos antecedentes ao jogo. O
nosso clube deve repensar a forma como trabalha os dias anteriores aos grandes
jogos, envolvendo menos os jogadores e equipa técnica, proporcionando-lhe mais
condições de estabilidade mental e de concentração.
3.
Pode
ser uma coincidência, mas a última grande vitória a nível internacional,
campeões europeus em Hóquei em Patins em casa do FCP, talvez tenha sido ajudada pelo facto das probabilidades estarem contra
nós e assim tenha havido menor mediatização. Pode ter sido coincidência,
mas o que é certo é que poucos davam alguma coisa por essa vitória. A secção já
tinha decidido “arrumar” com mais de meia equipa, por causa do falhanço a nível
interno, e depois tiveram de andar atrás de jogadores que já eram dados como
certos noutros clubes, para renovarem com eles. A excepção foi o Luís Viana que
segundo as fontes benfiquistas, queria “mundos e fundos” para renovar. Foi
jogar para a Juventude de Viana e para o ano vai para o SCP, e não acredito que
seja por receber “mundos e fundos”.
4.
E
por falar em Hóquei, sagramo-nos campeões a duas jornadas do final, com brilhantismo, com duas vitórias sobre a
equipa do FCP, os nossos principais rivais, e com um pavilhão bem composto
de adeptos que celebraram duas vezes: primeiro a vitória do futebol em casa do
Belenenses, depois a vitória no Hóquei. Seria o bicampeonato se não tivéssemos
sido gamados em Valongo na época anterior, mas ninguém da Direcção protestou,
só os adeptos do Benfica nas redes sociais.
5.
Não podia deixar de reparar que o presidente do Benfica tenha falhado
mais uma vez um jogo importante de Hóquei, por estar gripado segundo disseram
no dia seguinte, quando foi dar prémios relativos à Corrida António Leitão. A
quantidade de vezes que o Sr.º Vieira está gripado quando as modalidades ganham
títulos é impressionante, como
impressionantes são as suas recuperações.
6.
O
jornal A BOLA também teve os seus “espamos” de “pica” quando a meio da semana
anterior, com algum alarmismo colocou na 1ª página o título “Alarme por Jonas e
Gaitán”. Depois, em Belém, os dois fabricaram alguns grandes lances do Benfica
e o 2º golo em particular. Mas como a Direcção do Benfica cedeu os direitos
televisivos do jogo de Hóquei contra o FCP à BOLA TV é porque devem achar bem,
e eu é que estarei a ver mal o “filme”.
7.
O
FCP levou uma abada das antigas do Bayern. Antes do 1º jogo em casa do FCP,
Madjer, antiga glória do FCP e autor de um golo na final de 1987, também teve o
seu espasmo ao reconhecer que “no futebol tudo pode acontecer”. E de facto aconteceu, e logo duas vezes.
Por isso é que o futebol é apaixonante...