Aceite o desafio lançado pelo Universo Benfiquista, apresenta-se este novo escriba a dar as suas opiniões neste espaço da tão prolífera blogosfera Benfiquista. Deixando os futebóis de lado, irei procurar dar o meu contributo para a divulgação e comentário do (muito) que se faz no nosso clube fora do desporto rei.
Assim, irei começar a minha intervenção neste espaço com um balanço e perspectiva da época das cinco modalidades de pavilhão masculinas, sem esquecer uma penada nas correspondentes femininas. A publicação será dividida em duas partes e será feita de A a Z.
ANDEBOL
Frustração e esperança. Estamos em janeiro e pouco resta à nossa equipa de andebol que não seja acalentar esperança num futuro diferente dos últimos 11 anos – 0 campeonatos conquistados. Se é certo que o início da temporada trouxe ânimo às hostes com a chegada de nomes grados da modalidade como Petar Djordjic ou René Toft Hansen, não menos verdade é que a realidade tem demonstrado cabalmente que permanecemos a uma distância significativa dos nossos adversários. Derrotas caseiras contra Porto e Sporting e derrotas no Pavilhão João Rocha e no Flávio Sá Leite ditam que o campeonato, embora matematicamente possível, seja já uma miragem numa fase precoce da época. A equipa ganhará ritmo e experiência na fase de grupos da Taça EHF (apuramento conseguido a custo e com muita sorte à mistura) e permanece na Taça de Portugal (defronta amanhã o ABC, em Braga), mas o que resta da época servirá, sobretudo, para que os atletas demonstrem quem tem qualidade e vontade de representar o nosso clube.
Notícias recentes apontam o espanhol Chema Rodriguez como novo timoneiro a partir da próxima época. Será o reconhecer de que o projecto trazido por Carlos Resende falhou a toda a linha e que é necessário trazer outro tipo de conhecimento e ambição para o clube, que terá de se reflectir na composição da restante equipa técnica e, acima de tudo, do plantel. O combate será feito contra dois adversários top 10-20 europeu e será duríssimo.
É, também, quanto a mim, o timing desejável para se fazer a remodelação de que a secção necessita há já algum tempo. Em 11 anos de derrotas, trocaram-se treinadores, jogadores, elementos da secção, mas não se tocou em quem lidera a modalidade no clube e que é, para o bem e para o mal, o rosto do continuado insucesso. Tempo para o professor Carlos Cruz e Filipe Gomes entregarem as pastas e deixarem entrar sangue novo, pujança, ambição, modernidade e conhecimento da modalidade, sem prejuízo da gratidão e reconhecimento pelos serviços prestados ao clube.
No feminino, depois de um arranque auspicioso, a equipa passou por uma fase complicada, com três derrotas consecutivas. As lesões de Joana Resende e Débora Moreno não têm ajudado um plantel que tem qualidade mas que, aqui e ali, tem soçobrado. Ainda assim, em ano de estreia, o segundo lugar (em caso de vitória no jogo em atraso) e ambições intactas na luta pelo título. Em breve, jogos decisivos, em casa, frente ao Madeira SAD e ao Colégio de Gaia poderão determinar se o Benfica estará, ou não, na disputa do título nacional até ao fim.
BASQUETEBOL
Após uma temporada de escolhas infelizes no que diz respeito aos jogadores estrangeiros que reforçaram a equipa, e de uma mudança de treinador já na fase final da temporada, eis que Carlos Lisboa regressa para tentar recuperar o título que foge há dois anos para a U.D.Oliveirense. O plantel manteve a base nacional – tendo saído, apenas, o base Miguel Cardoso – e fez regressar João “Betinho” Gomes, querendo isto dizer que é no Benfica que joga a maioria dos melhores jogadores portugueses. A juntar-se-lhes, e pese embora tenha existido alguma turbulência na composição do lote de estrangeiros para esta época, estão Anthony Ireland, Toure’ Murry, Anthony Hilliard, Micah Downs, Damian Hollis, Eric Coleman e Gary McGhee. Tendo em conta que, nas competições nacionais, apenas podem constar cinco estrangeiros na ficha de jogo, é expectável que, a breve prazo, um dos atletas referidos – com toda a probabilidade, Toure’ Murry – abandone o clube.
O Benfica lidera a tabela classificativa a par do Sporting, ambos com 16V e 1D. Está, do mesmo modo, a fazer uma campanha de qualidade na competição europeia na qual está inserido, a FIBA Europe Cup, mantendo intactas as aspirações de se qualificar na segunda fase de grupos – já ultrapassou a primeira. No entanto, no passado fim de semana de 18 e 19 de Janeiro, perdeu o primeiro troféu oficial da época, a Taça Hugo dos Santos, tendo sido batido na final pela U.D.Oliveirense, uma competição que revelou a existência de 4 claros candidatos ao título e grande equilíbrio entre todos.
É certo que as lesões de Tomás Barroso e Micah Downs, que não devem voltar a jogar esta época, servem de atenuante ao resultado alcançado na referida competição, mas ainda assim o plantel tem qualidade mais do que suficiente para vencer todas as competições internas. Que a derrota no troféu menor (se os há), sirva de aviso para o que resta da temporada. A nota de equilíbrio na Taça Hugo dos Santos faz relevar a importância que terá o factor casa nos playoff, pelo que é desejável que o Benfica termine a fase de regular do campeonato na liderança para poder beneficiar dessa vantagem – que poderá ser decisiva – frente a todos os adversários.
No feminino, o caso mais misterioso das modalidades de pavilhão do Benfica. O Benfica não compete na liga feminina para ganhar. A equipa venceu, surpreendentemente, a Taça Vítor Hugo, mas ocupa a 5ª posição da tabela e não se espera que consiga fazer melhor do que as meias-finais (eventualmente, em dia bom, a final) do playoff. O Benfica não tem as melhores portuguesas e, investindo em atletas estrangeiras, não preenche todas as vagas disponíveis. Dá mesmo a sensação de ausência de rumo, já que esta é uma situação que se arrasta há algumas épocas. Nota também para o facto de esta ter sido a única equipa feminina que não teve reforços em janeiro. É uma secção cuja existência tem de ser repensada, pelo menos nos moldes actuais.
Amanhã: Futsal, Hóquei em Patins, Voleibol
Nuno_Martins 105p · há 270 semanas
Apesar de não fazemos muitos textos sobre as modalidades, quando fazemos resultam sempre em debates acesos.
A malta que participa habitualmente no blog pediu...
Da minha parte questiono me acerca do que levou o Benfica a perder o comboio no andebol numa altura em que Portugal tem uma excelente participação num europeu?
Quanto ao basquetebol... Vejo muitas críticas ao treinador... Mas tenho sempre muitas dúvidas se tudo isso não passa de um proxy para atacar mais acima...
Pedro Simões 51p · há 270 semanas
Esta era uma lacuna não só aqui do blogue como da blogosfera Benfiquista. Fico muito contente que nós possamos fazer a diferença com o acompanhamento ás nossas modalidades que tantos titulos nos dão.
Começaste com o pé direito com este brilhante texto e já estou ansioso pelo próximo. Agira podemos debater com factos concretos sobre as nossas modalidades.
Obrigado por teres aceite o convite e que não te doam os dedos.
Grande abraço!
Rui Dias 101p · há 270 semanas
Pelo que leio vamos ter alguns debates acessos. Até porque vou seguindo atentamente a maioria das modalidades.
Quanto ao Andebol, o Benfica não luta com as mesmas armas e nem luta pelos mesmos objectivos. Nem nunca lutou. O Andebol do Benfica nunca teve uma grande tradição de vitória. Espero que as coisas possam melhorar mas não podemos rotular um excelente feito que foi a passagem a esta fase da EHF como passagem de sorte. O Benfica luta com duas excelentes equipas e com equipas com um orçamento muito superior ao nosso.
O basquetebol temos tudo para vencer as provas mas não podemos achar que perder dois titulares para lesão não abale essas possibilidades. Aquilo que fizemos na Taça da Liga foi de enorme qualidade e perdemos a final sem 3 dos principais habituais. Numa rotação de 8 perder 3 não é pormenor.
Quanto às femininas. Grande temporada no andebol, com uma equipa pela primeira vez na 1a divisão e no basquetebol totalmente de acordo. Ainda não consegui perceber que rumo ou que projecto temos.
Fernandes · há 270 semanas
Acrescentava apenas que a Jelisaveta Markovic chegou há uns dias para o andebol feminino e, se estiver à altura das expectativas, poderá fazer a diferença no que falta do campeonato.
No basket feminino falta apenas entregar a liderança da equipa a um treinador/treinadora que chegue determinado a ganhar, algo que até hoje não existiu. Só dirigentes sem qualquer interesse no sucesso da equipa, ou com um desconhecimento absoluto da realidade do desporto, podiam escolher alguém com o seu perfil. É uma situação extremamente confusa (ou não), pois para a equipa masculina existe "dinheiro infinito"...
DrGhozePablito 50p · há 270 semanas
Parabéns ao Pedro e ao Universo Benfiquista!
Chakra_Indigo 84p · há 270 semanas
Talvez se pudesse acrescentar a esta listagem um acompanhamento do futebol feminino. Já sei, nada de exagerar nos pedidos, ahahahaha
Deixava aqui uma sugestão, que é um assunto transversal e muito falado no pavilhão.
Eu sei que é difícil mexer em "vacas sagradas", mas o Benfica vive para melhorar e ganhar.
Temos entre nós o Eusébio do basquetebol Carlos Lisboa, que pese embora ter ganho campeonatos (com aqueles planteis acho que era uma obrigação), não consegue consolidar um modelo de jogo que não seja aquele que passa pelo individualismo dos jogadores e pela inspiração e talento individual dos jogadores, a que acresce fraca capacidade competitiva -mais concretamente, pela indolencia que atinge a equipa em periodos longos do jogo, a ter que fazer recuperações milagrosas.
Assumir todas as tarefas que ele assume, não é apropriado a uma equipa profissional. Ou é treinador, ou é Director, ou coordenador da formação.
Quanto ao Andebol, não é modalidade que eu goste, e não costumo acompanhar ao vivo. No entanto, parece que o benfica fez uma boa aposta no treinador, que na minha visão tem de ser uma ancora de um projecto desportivo, mas tem falahdo em momentos cruciais. No entanto, há que reconhecer que os planteis do FCP e do Sporting estão bastante hà frente do nosso.
Viva o Benfica.
António Madeira · há 270 semanas
Muito obrigado por esta primeira parte. Faço votos para que possas, por muitos e bons ano, pôr a blogosfera benfiquista a par das suas modalidades que tanto dão ao Clube.
Viva o Benfica!
Nuno Figo · há 270 semanas
Excelente tema, sobre o qual “sei” pouco, mas interesso-me bastante!
Acompanho alguns jogos “das modalidades de pavilhão”... pela TV. Confesso q posso contar pelos dedos das duas mãos a quantidade de vezes que fui a pavilhão ver o Benfica.
Ao contrário do Futebol (masculino), que sigo de perto, sobre as modalidades sei pouco... nomeadamente sobre:
- qual a estratégia do clube? Também aqui, apostamos na formação? E é local ou existem polos de recrutamento a nível nacional, como no futebol?
- como se comparam os nossos orçamentos aos dos rivais?
- que outras modalidades considera o Pedro que deveríamos considerar no lote das profissionais (aqui, assumo... eventualmente estamos já “fora de pavilhão”)
O teu primeiro post já deu para ter algumas respostas, pelo menos parciais. ;)
Continua!!
G G 84p · há 270 semanas
Fazia falta ao blog alguém com conhecimentos reais sobre o andamento das nossas modalidades. Venha daí esse segundo post 😉
joão carlos · há 270 semanas
até posso admitir que o ciclo do resende esteja esgotado, embora não esteja convencido, agora a ser o espanhol é um enorme tiro no escuro.
percebo a ideia de ir buscar um perfil tipo o marcel matz só que a experiência do espanhol é muito menor.
Rodolfo Dias 80p · há 270 semanas
Citando alguns comentários: "não acompanho muito as modalidades" , "contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que entrei no pavilhão", "estou um pouco a leste das modalidades" e até mesmo aquele comentário mais obscuro "não fazemos muitos textos sobre as modalidades" - o que faz reflectir se o nome do blogue não deveria ser alterado, pelo menos extraindo a palavra Universo.
Mas as opiniões citadas também reflectem a minha. Não acompanho o lado feminino e mesmo no lado masculino só vejo aqueles jogos com mais frisson, mais intensos. Pergunto quantos de nós já se deslocaram fora para ver um jogo das modalidades?
Extraindo desta equação o Barcelona que tem muitas modalidades e é forte em todas, quantas modalidades de topo tem o Real Madrid? Uma e não tem mais. O PSG? Tem duas modalidades, sendo uma de topo. O Bayern? Uma de topo. Os clubes ingleses, para além do futebol feminino, conhecem mais modalidades? E em Itália? O basquetebol do Milão? Até as melhores equipas de hóquei não têm nada a ver com os principais clubes de futebol.
O que é que eu quero dizer com isto? Boa pergunta, com tanta divagação até já me perdi. Já me lembrei, prefiro ter 1 ou 2 modalidades em que sejamos realmente fortes mesmo a nível europeu do que esta dispersão tão grande. Provavelmente restringindo o número de modalidades haveria muito mais apoio não só económico como ao nível de suporte dos adeptos.
Fernandes · há 270 semanas
Hóquei: 2 Champions desde 2012.
Futsal: 3º lugar em 2016 e actual 4º classificado do ranking UEFA (Sporting é campeão europeu em título).
Voleibol: top 20 europeu nesta época, com margem para entrar no top 8.
Andebol: SCP/FCP estão no top 15 europeu, e podem entrar no top 8 esta época. Com mais competência na gestão é possível chegar ao mesmo nível.
Só o basket não tem um equipa minimamente competitiva, o que se deve em parte à limitação de estrangeiros no campeonato.