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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Rui Costa e a tentativa de ser diferente


Realçar o positivo: estas entrevistas/conversas sobre os mercados de transferência que o Rui Costa enquanto Presidente tem feito são interessantes e promovem certamente a transparência que todos os benfiquistas gostam de ver no clube.

Há uns meses quando vi o debate entre o Rui Costa e Francisco Benitez senti uma vergonha alheia enorme. Duas pessoas que de um ponto de vista intelectual deixam muito a desejar. Falta tudo de um ponto de vista de inteligência e capacidade de argumentar, fluidez no discurso ou capacidade de gestão.

Ontem fiquei ligeiramente surpreendido. Rui Costa conseguiu falar um pouco de tudo, com alguma capacidade oratória e explicar alguns pontos que me pareciam importantes serem falados e esclarecidos. Não falou seguramente de tudo, mas mostrou abertura para falar da maioria das coisas e deu a cara para falar daquilo que se calhar seria mais incómodo.

Pontos que retirei da entrevista:

 - Tentou desmistificar a ideia de cláusula e valor da cláusula. Muito por culpa da comunicação social e do próprio, essa questão é muitas vezes confundida. Acho que deu para perceber que há duas situações distintas, uma quando há litigio entre clubes e é depositado o dinheiro na Federação e o jogador sai, e outra quando o clube chega ao valor da cláusula e está acordado que nessa altura o jogador tem a opção de sair. O Chelsea bateu o valor da cláusula e o Benfica fez de tudo para que o Enzo não quisesse sair. Deu-lhe a opção de ficar até final da época, já a receber o que iria receber no Chelsea, o jogador não quis.

 - Ficou claro também que há mandatos de venda. Compromissos que caso haja uma venda o agente/intermediário tem direito a receber uma percentagem. E esta é a única forma de conseguir a vinda de muitos dos jogadores com mercado. Neste negócio, o Benfica conseguiu negociar esse valor, que costuma ser 10%, reduzindo esse valor. Essa redução parece-me, foi convertida na possibilidade do Benfica antecipar as parcelas de dinheiro que irá receber com mecanismo de factoring e com isso não ser o clube a bancar essa antecipação de receita.

 - Esta parte em que o Rui Costa fala em 5,5M€ a mais da cláusula pagos foi das poucas coisas que me parecem serem de difícil compreensão pelo comum do adepto. Não que seja, para mim, um assunto particularmente importante, poderia ter sido evitado até.

 - Rui Costa estava verdadeiramente incomodado com Enzo. Viu-se o desconforto quando falou no assunto, principalmente na altura em que fala sobre a vinda do próprio Enzo. Não esquecer que o jogador era para ter chegado apenas em Janeiro. Não fosse o River ter perdido na Libertadores e o Enzo estaria agora a chegar ao Benfica. Sem Mundial, sem Chelsea e sem milhões por época. O Benfica apostou e arriscou contratar um jogador para 6 meses depois porque confiou no jogador. O jogador assim que teve a oportunidade de morder na mão que se estendeu para o ajudar quando ainda não era ninguém, fê-lo. Rui Costa mostrou compreensão face ao valores que o Chelsea lhe atirou para cima mas perdeu essa compreensão quando foi dito ao jogador que não perdia um cêntimo, apenas 6 meses para terminar o que começou no Benfica. Para terminar aquilo para o qual o Benfica o tinha contratado e confiado. E o Enzo aquilo que fez foi ameaçar que não jogaria mais pelo Benfica. Como adepto, como Presidente e como gestor, a única solução era arranjar o melhor acordo possível desde que o valor da cláusula estivesse lá.

 - Ponto negativo da entrevista: não falou de Otamendi e Grimaldo. Se Otamendi acaba por ser um assunto que pode ser encarado como de menos importância, visto que é um jogador em final de carreira, com ideia de regressar à Argentina e ainda tem mais um ano de contrato. Já Grimaldo sinto que seria importante falar sobre o assunto. Nem que fosse para não dizer nada. Reforçar a ideia de que estamos a fazer de tudo para manter o jogador, dentro daquilo que são as possibilidades do Benfica e nunca ultrapassando o razoável. Com isto quero dizer, nunca ultrapassar o teto salarial ou pagar um prémio de assinatura de muitos milhões. Já agora, Grimaldo, se nos tiveres aqui a ler... não queiras ser um Enzo. Se voltares ao Barcelona ainda compreendo. Saíres para um Nápoles qualquer desta vida, trocando a imortalização de ser um dos grandes de um grande Europeu por uns milhões... Não queiras.


NOTA:
Confesso que quando vejo estas conversas sobre contratos de jogadores, seja em entrevistas, seja em programas de televisão com comentadores, ou nas redes sociais com dezenas de comentários fico sempre com a sensação que não vivo no mesmo mundo desta malta. 
Ora vejamos. O Enzo ganha 2M€ no Benfica. Conversa da malta: "aqui não há amor à camisola, claro que vai trocar". O Grimaldo ganha 3 ou 4M€ no Benfica. "Claro que vai trocar, ganha muito mais se for embora". Outra teoria é aquela que o próprio Rui Costa disse ontem "Tem de pensar na família".

Eu se neste momento me pagassem 2M€ durante um ano, deixava de trabalhar e a minha família estava salvaguardada. Se me pagassem 5M€ num ano, deixava de trabalhar e os meus netos estavam salvaguardados. Percebo que a inteligência e literacia financeira é escassa em muita gente, mas paremos com aquela teoria de que um jogador que recebe 3M€ durante 8 anos da vida precisa de ir ganhar o dobro noutro lado porque assim pensa na família ou no que seja. Pensa neles. Pensa na ganância de mais. 

Falarem-me que o Ronaldo foi para a Arábia porque lhe pagaram mais... mas ele precisa de 500M€ para quê? Para salvaguardar a família? Estamos a brincar? Se alguma vez me oferecessem esses milhões eu recusava. Vergonha alheia. Valores moralmente inaceitáveis na minha forma de ver o mundo.

Se eu fosse jogador da bola e jogasse no Benfica e me pagassem 200 mil € por ano eu dizia: "Posso estar aqui durante 15 anos no banco, a jogar na B ou a puxar pelos miúdos, se me derem 1M€ para ir para fora eu não vou". Trocar o manto sagrado e o Estádio da Luz por mais um Ferrari na garagem ou uma ilha na Grécia? Nem sequer há comparação.

Estamos num país que a média de rendimentos anual é na ordem dos 18 mil euros. Alguém que ganhe 50 mil euros no ano vive muito bem se assim o desejar e andamos aqui a falar de malta que recebe milhões por ano mas que precisam de ir ganhar 5 ou 6 vezes isso para assegurar o futuro da família ou lá o que é. 

Amanhã temos o Casa Pia na Luz. É ganhar e manter o melão dos nossos rivais bem vivo!

CARREGA BENFICA


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E-goi