Portugal 29 de Julho
de 2015
A pré-temporada da
equipa principal vai-se desenrolando, com a participação no prestigiado torneio
de Campeões, onde era muita a curiosidade de ver a equipa evoluir sobre as
ordens de um treinador “dos nossos” (Vieira na sua apresentação).
Os resultados não
são os que os fervorosos adeptos da
teoria, “o sucesso pertence à estrutura”, estariam à espera. Mas a mim não
me surpreendem de todo. Não defendi Jesus por acaso, não sou idiota para
guerrear com muita gente da blogoesfera por questões irrelevantes. Jesus foi um
“achado” que conseguiu ter sucesso por um vasto conjunto de razões, das quais
mais de 90% residiam no seu conhecimento do futebol português e no seu
carácter.
E quando se muda,
por questões surrealistas (como foi o convite de ir treinar para o Qatar depois
de ter conquistado o bicampeonato), pode-se encontrar um treinador com boa
imagem, sócio do clube, mas que não tem esses conhecimentos de futebol ou esse
carácter sólido, resistente e corajoso. E os resultados desportivos só por um
acaso serão os mesmos.
Por outro lado, há
muita gente que não percebendo de futebol, apenas
debitando lugares comuns em catadupa, pensam que uma equipa é formada
apenas por um conjunto de jogadores. E quando esse conjunto de jogadores tem
resultados desportivos, a mudança para outro treinador que possa corrigir os
erros do anterior, resultará numa equipa melhor e mais forte.
Um erro de avaliação tremendo, próprio de quem não “estuda”
e como tal, não sabe, e pior que isso, não é grato. Porque o que vem
a seguir pode de facto corrigir os erros anteriores. O que não se garante é que
consiga fazer o que o anterior fez. E porquê? Porque uma equipa não é apenas um conjunto de jogadores. A
liderança que o treinador exerce, os conhecimentos que o treinador tem e passa
aos jogadores, a experiência que os jogadores lhe reconhecem torna mais fácil a
moldagem ao que o treinador quer.
Comparar os 60 anos
de Jesus com os 45 de Vitória é um
indicador de que as coisas não vão correr bem. A liderança não será como já
foi. E os teóricos dos lugares comuns, os que criticavam Jesus pelos seus
erros e raríssimas vezes lhe reconheciam méritos pelos sucessos da equipa, irão
“sofrer” muito este ano. Eles e nós, que humildemente aceitávamos os
resultados, dávamos mérito a quem o tinha, e não cuspíamos no prato desse sucesso.
O carácter psicologicamente frágil do treinador Rui
Vitória,
pressionado pela dimensão do clube e nível de exigência, foi posto a nu após a
2ª derrota (tangencial) frente aos Red Bull. Não precisava de o fazer, mas a firmeza rompeu-se e teve de
justificar um conjunto de 3 maus resultados com uma comparação ilegítima com o que se passou na época passada. Ilegítima
porque nesse ano a equipa foi “esfrangalhada” pelas opções de venda de Vieira,
enquanto este ano a estrutura base manteve-se. Não se podem comparar os resultados
de uma equipa onde jogavam César, Benito, Bernardo Silva, João Teixeira, Luís
Felipe ou Victor Andrade, quase sempre como titulares, com a actual equipa onde
jogam a titulares os que de facto foram campeões no ano anterior!
Mas Vitória,
acossado pelas responsabilidades tremendas que significa treinar o Benfica, já
se “descaiu”. Ao 3º jogo? Mau sinal.
Outro sinal de
fragilidade é quando altera o sentido das conclusões sem razão aparente,
excepto a sua incapacidade de liderar. Como por exemplo quando disse que não
ficou triste pela derrota com o Red Bull mas sim pelos falhanços das várias situações
de golo criadas. Enquanto contra o América já disse que desta vez a sorte
sorriu-nos. Se quiser ser um líder, teria dito qualquer coisa como “as grandes
penalidades fizeram justiça à nossa superioridade durante os 90 mn”. O “sinal”
que se passava cá para fora, era completamente diferente. Assim temos de nos
preparar para ouvir a habitual e estafada “ladainha” do “falhamos muitos golos”,
quando as coisas correrem mal, e “tivemos alguma sorte” quando as coisas
correrem bem.
O que é que o discurso
tem que ver com o sucesso d eum treinador? Bem, bastava dar o exemplo de Mourinho
para explicar, mas posso acrescentar que é através do discurso que as mensagens
se passam, e é importante que tenham conteúdo, dentro de uma certa estratégia
de valorizar os nossos jogadores/equipa, e contestar ou levantar a dúvida sobre
as equipas rivais. Gente com muitos “floreados”
verbais não enganam ninguém. Gente com “punhos de renda” idem.
Gostaria de estar errado, mas antevejo uma época igual
a qualquer uma das anteriores à chegada de Jesus. A “estrutura” do Benfica
valia nessa altura, 1 Campeonato, 1 Taça de Portugal e 1 Taça da Liga em 8
épocas consecutivas. Nos próximos 8 anos é uma questão de cada um extrapolar
como entender, mas não vai fugir muito
destes resultados. Porque já aponto aos próximos 8 anos? Porque Vieira não
vai sair, coberto pelo sucesso de algumas modalidades, pela BTV e Fundação
Benfica, e porque não vai aparecer nenhum candidato à “Benfica”. Apenas uns “totós”
cheios de ilusões e apego ao passado, sem conhecerem a realidade do futebol e
da teia que Vieira montou neste Benfica, com
ajuda e especial colaboração de Joaquim Oliveira e Jorge Mendes (com BES e
PT na equipa “inicial”, mas que já saíram).