Portugal 3 de Agosto
de 2015
Nenhum poder, democrático ou não democrático, se mantém
muito tempo no poder, se não tiver “boa” comunicação. Desde líderes
democraticamente eleitos, como Hitler, a outros que conquistaram o poder
político por via da força, nenhum foi indiferente ao controlo da opinião e à
propaganda, como forma de manipular as vontades e comportamentos de quem vota,
de quem os elege, ou, nos países onde não há eleições, para sossegar e
tranquilizar o povo de que o caminho daquela liderança é o que mais interessa a
todos.
Tanto nuns casos
como nos outros, este controlo da comunicação social impede que as pessoas
conheçam as atrocidades que esses poderes, democráticos ou não, praticam sobre
os cidadãos que deveriam proteger.
No Benfica, descontando
o efeito de escala da comparação, vive-se algo de semelhante. A propaganda substituiu o debate isento, o
noticiário “controlado” enviesou as conclusões acerca dos problemas com que nos
debatemos, e tudo, tendo sempre como referência, a boa imagem do líder do
clube/SAD e da própria SAD (mais do que o Clube).
Para percebermos
como tudo isto acontece de forma “ordeira” há 14 anos, teremos de perceber que Joaquim
Oliveira, dono de um império na comunicação social, e Jorge Mendes, dono de outro
império na intermediação de jogadores, são duas
figuras que controlam o Clube/SAD, de fora para dentro, tendo como “marioneta”
o presidente Luís Filipe Ferreira Vieira, hoje eleito, mas que entrou pela
porta dos fundos, como “gestor” do futebol, em Março de 2001.
Estas duas figuras,
actuando primeiro em grupo com o BES e a PT, empresas com projectos económicos
na área do futebol e direitos televisivos, e depois da sua falência ou venda, continuam
a actuar individualmente, aumentando o poder na Benfica SAD e são quem controla a máquina da propaganda
visando a centralização de Vieira como referência única no universo
benfiquista.
Seja porque há
muito desemprego na classe jornalística e ninguém quer perder o precioso
emprego, seja porque os largos anos de domínio deste mercado levam por exemplo,
Joaquim Oliveira a desviar publicidade do título A para o B conforme o título A
é um título “domesticado” aos seus interesses, ou não, publicidade que é vital
ara assegurar a viabilidade económica dos títulos da comunicação social, seja
por exemplo, Jorge Mendes, e a sua legião de jornalistas que recebem avenças ou
pequenos/grandes favores para publicar aquelas noticias bombásticas tipo “Bruno
Alves interessa ao Barcelona”, noticias falsas que só servem para constituir portfolios
de comunicação social, dos jogadores em causa, para depois andarem a ser
mostrados por essa Europa fora.
Esta gente que
promove Vieira como grande referência do Benfica, não o faz de graça. Há interesses económicos que os leva estar
mais próximos uns dos outros, apesar de por vezes passarem cá para fora,
que as relações entre eles já foram melhores do que o que são. É falso, pois
nada deste Benfica teria acontecido sem o apoio de Oliveira (em particular este,
por causa da comunicação social) e aquilo que pode parece uma afronta do
Benfica, como por exemplo o lançamento dos jogos de futebol no canal premium da
BTV, não são mais do que pausas estratégicas
para reformular as próximas acções. E o próximo passo como se sabe, é a
centralização dos direitos televisivos, com o óbvio apoio de Vieira.
Portanto com esta
máquina da propaganda, nunca veremos ou leremos, que Vieira fez mal aqui ou ali, que Vieira tem um passado cheio de
sombras, ou simplesmente lembrar que Vieira desceu o Alverca de divisão, e como
tal não é pessoa que perceba assim tanto de futebol, ou que faliu o Alverca SAD
e como tal, também não é pessoa que possa gabar-se de ter projectos de
prosperidade para a Benfica SAD. Se fosse com Vale e Azevedo, obviamente teríamos
isso bem “escarrapachado” nas capas de jornal, nos artigos de opinião, ou
naqueles pseudodebates onde os participantes normalmente têm ódios de estimação
pela pessoa central do debate. Com um telefonema do Sr.º Joaquim, sempre se
abre uma porta aqui e outra ali, lá dizia o Expresso em 2005.
Para além desta propaganda
exterior, temos também a propaganda feita pelos próprios intervenientes que, defendendo
o soldo, dizem hoje uma coisa e amanhã dizem outra completamente distinta.
Domingos Soares de Oliveira é um desses. Recuando no tempo, vejamos alguns exemplos:
RECORD online, 24/09/2014: respondendo a uma observação segundo a qual o
financiamento aumenta o endividamento. “Sim,
mas os proveitos crescem mais depressa. Entende-se que o modelo de
desenvolvimento do Benfica necessita de investimento constante na compra de jogadores,
isto é, deixámos o cimento (estádio, academia e Benfica TV) e passámos para as
pernas, algo que tem de ser renovado.” (espantosa afirmação, escassos 2
meses após terem sido vendidas as “pernas” de meia equipa campeã nacional. A
renovação foi feita com Victor Andrade, Luís Felipe, Benito, César, Djavan,
Derlei e Talisca, muitos milhões gastos mas só um conseguiu singrar no lugar
das “pernas” que se venderam!).
RECORD online,
06/12/2014: sobre a venda das principais
figuras do Benfica no verão Domingos Soares Oliveira, resignou-se perante a
necessidade do clube em vender, face à incapacidade em concorrer a nível
salarial com outros clubes europeus: "O
mercado português é demasiado pequeno para que tenhamos capacidade para pagar
os vencimentos mais elevados. Temos de aumentar as nossas receitas e isso apenas
será possível se na equação estiverem as vendas de jogadores." (não
percebo. Mas não íamos investir nas “pernas”? Em que “pernas” estava a pensar?
Murillo? Ruben Paz? Diego Lopez? Hassan? Mais de 10 milhões investidos e quantos
se aproveitam para a equipa principal? São estas as pernas que vamos revender
para aumentar as receitas?)
DSO recebe 250 mil euros por ano. Só comecei a receber a
razão deste salário estratosférico depois de somar “dois e dois”: ele não recebe
para gerir a SAD, mas sim para sugerir cenários aos benfiquistas, mesmo que
hoje sugira um cor-de-rosa, e amanhã outro cinzento. E sendo adepto de coração,
do SCP, não é tão difícil fazer esse papel. Até nisso a máquina do Benfica de
Vieira+Oliveira+Mendes está bem “pensada”: os
não benfiquistas, bem pagos (este e outros) fazem melhor o papel da propaganda,
que é iludir sócios e adeptos.