Portugal 1 de Fevereiro
de 2017
Há meses que não
sinto “pica” para escrever, sendo dominado por um sentimento muito simples: o
Benfica é dos sócios e dos adeptos, não é meu, nem o que eu penso é mais importante do que o que os outros pensam.
Ao longo dos últimos
meses assisti à re-eleição, melhor, ao plebiscito que reconduziu Vieira a
Presidente, no que considero ser um
processo agónico resultante da falta de vitalidade associativa ou resultante do
impacto da verdade da mentira em que se tornou a gestão do Benfica e da sua
poderosa marca desportiva e comercial. Mas como o Benfica não é meu, apenas
tenho de aceitar. O Benfica é o que é, é
muito pouco afinal mas é o Benfica. Na vida não nos podemos iludir com o
valor de pessoas ou instituições, porque um dia desiludem-nos.
Não entendo o quase
unanimismo em torno de alguém que faz obra mas não a paga, que contrata e
dispensa jogadores como vulgar mercadoria com dispendiosos encargos de
intermediação, que contrata um motorista pessoal que depois é apanhado com 9 kg
de cocaína que revendia, algumas vezes, no interior das instalações do estádio
da Luz, que gostava tanto desse motorista que o promoveu a director para poder
auferir um salário maior, alguém a quem o FCP em comunicado lembrou que “Coca-Cola não se escreve com 4 letras apenas”,
que raramente assiste a um jogo das modalidades, mesmo em fases finais, que não
consegue explicar quando se dará o “break event point” do projecto empresarial
do Benfica aprovado em Assembleia Geral por larga maioria em 21 de Fevereiro de
2000, e muito menos explica como é que vendendo tantos jogadores e por tantas
dezenas de milhões, hoje temos uma divida financeira superior à que tínhamos à
4 anos, enfim, alguém que vai navegando
entre sucessos ou fracassos desportivos como uma enguia difícil de agarrar,
entenda-se, difícil de responsabilizar. Mas como disse antes, não entendo, nem tenho de entender. O
Benfica é isto, o Benfica não é meu.
Estarei a ver mal
qualquer coisa ou esta minha forma de ver estará associada à minha natureza “desprezível”,
o que é certo é que mais de 95% dos votantes expressaram o seu apoio à
reeleição do Sr.º Vieira. O que significa que acham que 1) está tudo bem, ou 2)
não há melhor. Muito mau em qualquer dos
casos.
Posto isto que se pode dizer das últimas incidências
futebolísticas, em particular, de alguns maus resultados onde existiram tantos erros grosseiros de
arbitragem como nas duas últimas épocas juntas?
Pois nada também. Como nada ou nenhuma é a reacção oficial da
Direcção do Benfica, o que aliás é o padrão dominante da gestão do Sr.º
Vieira. Em 15 anos contam-se pelos dedos de uma mão (e sobram dedos) as vezes
que a Benfica SAD se expressou formalmente contra os “abusos” das arbitragens.
Portanto se a
Direcção nada reclama e se o Sr.º Vieira foi reeleito/ plebiscitado com mais de
95% de votos, que importa o que pensa de tudo isto, o comum do adepto/ sócio do
Benfica que não entende o unanimismo em torno de Vieira? Nada... Cruzar os braços e assistir à destruição da
equipa que até há bem pouco tempo batia recordes sobre recordes é a forma
mais adequada de levar as coisas. E sempre
evita algumas insónias.
Entretanto os moços
de recados, entenda-se, a máquina da propaganda de Vieira, através do
disponível CM (seguir-se-ão outros na órbita de Joaquim Oliveira e influências
de Jorge Mendes) já fizeram circular que Vieira
acompanha a crise do futebol, embora à distância. À distância, em
Inglaterra, não se sabe a fazer o quê. Mas está a acompanhar (dizem). Também estava
em Moçambique com seu amigo Salvador no dia em que o Benfica perdeu com o Braga
na meia-final da Taça da Liga, e também estava no casamento do amigo Mendes no
dia em que o Benfica jogou a Eusébio Cup no México, em Monterrey, onde perdemos
3-0. Mas que interessa? Ele está sempre a acompanhar a equipa, dizem os moços
de recados.
O que é certo é que
este tipo de tretas “cola” nos benfiquistas, sendo disso um sinal evidente, o unanimismo em torno dos méritos de Vieira
e a falta de alternativas. O que também permite concluir que quem poderia
ser alternativa concorda com este rumo, com esta estratégia, com esta
personagem.
O Benfica é isto. Felizmente não é meu. Siga a
marinha...