Portugal 2
de Outubro de 2014
Há tempos quando escrevi o texto
Champions 1- Benfica 0, houve uns poucos leitores que interpretaram mal as
minhas ideias e partiram para a critica fácil do bota-abaixo. Sempre que
critico o amadorismo ou oportunismo da gestão do Benfica, com particular ênfase
ao papel que o Sr.º Vieira está a desempenhar, parece que mexo num saco de vespas, tal a agressividade dos comentários
que recebo em troca.
Mas o que escrevi na altura abria as “portas” para explicar não só a
derrota com os alemães, mas a má Champions que vamos fazer esta época e que
corre o risco de ser mesmo a pior de todas as nossas participações no actual
figurino de competição, igualando o último lugar do FCP em 2005/2006, ou o
recorde negativo do SCP de ter feito o pior registo de todas as equipas na fase
de grupos com apenas 2 pontos, que obviamente também deram o último lugar.
Oxalá esteja enganado...
Escrevi então “de acordo com a minha maneira de ver o
futebol, há vários factores a considerar que enfraqueceram a equipa. Como sejam
o “enésimo” desarranjo do plantel pelas tais necessidades de venda de jogadores
e a contratação de alguns jogadores, dos quais só Talisca conseguiu fazer a pré
temporada”.
A derrota de ontem, confirma uma
vez mais, não pelo resultado mas pela exibição da 1ª parte, que estou muito
perto das explicações correctas para os maus resultados. De facto não passa
pela cabeça de ninguém, excepto pela dos iluminados dirigentes do Benfica, seus
assessores e apoiantes nos blogues, que se aborde uma fase de grupos da
Champions, com intuito ganhador, com um 11 base que não fez pré-temporada. Isto
é, alguns fizeram, outros não porque ainda não tinham sido contratados, outros
também por lesões, e outros por opção técnica.
Em 1º lugar, se repararmos bem, contrastando
com os 8 jogos da pré-temporada, Cristante fez ontem o 1º jogo a titular (?!),
Samaris tem 4/5 jogos a titular, Luisão e Jardel vão no 9º jogo. Jogadores que
ocupam a fundamental posição 6 ou o lugar de defesas centrais, só agora estão a fazer a sua
“pré-temporada”. Mas com a competição a sério, cada erro tem implicações
graves. E o que se vê na Champions é que isso
resultou em duas derrotas, zero pontos, zero euros e auto estima em baixo.
Em 2º lugar, constata-se que a deficiente
organização de jogo do Benfica, por mim
tantas vezes referida quando digo que temos uma percentagem elevada de
primeiros golos de iniciativa individual e não de movimentação colectiva, se
deve à falta de Cardozo no ataque e de Garay na defesa, porque ambos
(juntamente com Luisão e o 6) definiam um eixo entre a defesa e o ataque, sobre
o qual se organizavam os demais jogadores e como tal, todo o jogo do Benfica.
Cardozo segurava 2 defesas e com isso impedia que eles subissem no terreno e
fossem ajudar o meio campo, pelo que o nosso meio campo com a qualidade que tem,
conseguia ser muito mais eficaz a
construir processos de jogo e a destruir jogo adversário, do que agora.
Garay na defesa tomava decisões mais correctas no que respeita aos passes e à
colocação no terreno, do que Jardel que sendo bom no desarme, fica aquém de
Garay na forma com pensa o jogo.
Em 3º lugar, constatei uma vez
mais que apesar de marcar muitos golos (e que assim continue) Talisca é “menos
um” quando não temos a bola. É um jogador que não sabe pressionar o adversário
e que não sabe fazer zona para interceptar linhas de passe! Com menos 1 a
defender, numa Champions é complicado. Por cá vai disfarçando com os golos que
marca. Foi substituído duas vezes na Champions, resultando daí um melhor padrão de jogo da equipa.
Em 4º lugar, a contratação de
Júlio César, por verbas não divulgadas e
que se adivinham elevadas (rompendo o tecto salarial que tanto se apregoa),
vem comprovar o amadorismo e desespero da Direcção de Vieira. Artur Moraes já
no Braga era suplente do Felipe, até que mandaram este embora. O promovido Artur
Moraes sofreu uma média de golos ligeiramente superior à de Roberto, que foi o 2º melhor guarda-redes
esse ano, na Liga. Não se compreende que passasse de suplente de Felipe
para titular do Benfica. Mas os iluminados da Direcção do Benfica e seus
apoiantes na comunicação social e blogues, viram ali “a resolução do problema
da baliza” (palavras do Dr.º Rui Gomes da Silva em conversa telefónica comigo).
Contudo, sendo guarda-redes do Benfica devia
ser protegido nos maus momentos. Ora acontece que Artur Moraes, neste
início de época, fosse pela saída da sombra Oblak ou por outra razão qualquer, estava muito bem. Defendeu os penaltys
que nos permitiram ganhar a Supertaça e defendeu 1 penalty com 0-0 no jogo
frente ao Paços de Ferreira. Sofreu um golo ao 3º jogo, por erro seu, é certo, mas
esteve cerca de 200 mn sem sofrer golos. Como no Benfica a ingratidão anda de braço dado com a burrice, a
especulação da comunicação social e dos blogues levou-os a fazer mais uma
gentileza aos que atacavam Artur Moraes. Resultado: Júlio César aguentou 17 mn
sem sofrer golos na Liga, e ontem, como se viu no 1º golo, defendeu para a
frente oferecendo um golo ao adversário.
E ainda faltava falar de
arbitragem e dos dois penaltys que tiraram ao Benfica nestes dois jogos, mais 1
penalty assinalado contra que não era. E não estamos a falar de lances difíceis
de ver! Mas como Vieira nada diz, passemos adiante. Ora neste cenário que atrás descrevi mais as arbitragens que o Benfica
nunca contesta, o que podemos esperar para o próximo jogo? Não me parece
difícil adivinhar...