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quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Sporting: A falta de vergonha


Antes de abordar a alta de vergonha do Sporting, quero deixar bem claro alguns pontos:

  1. No CONTEXTO DESPORTIVO, não tenho qualquer interesse em relação às dividas de Luís Filipe Vieira! Uma coisa é a vida pessoal do presidente, a gestão das suas empresas e outra é a gestão do Benfica;
  2. FORA DO CONTEXTO DESPORTIVO, sou contra qualquer perdão de divida seja a quem for, ou seja, a mim, ao Vieira, ao Varandas ou ao Manel, é indiferente;
  3. Aceito que face a uma momento de crise, seja de uma pessoa singular, seja de uma empresa, as entidades financeiras, e até o Estado, têm o dever de negociar as dividas ou financiamentos de forma a evitar insolvências. NÃO CONFUNDIR NEGOCIAÇÃO DE DIVIDA COM PERDÃO DE DIVIDA.
Indo agora ao que se passa em torno do Sporting...  

"VMOC. Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis. Este tipo de instrumentos de dívida custou ao Novo Banco 186 milhões de euros entre 2014 e 2018, concluiu a auditoria da Deloitte. A maior parte das perdas é um legado do Banco Espírito Santo (BES), mas uma parte desses VMOC foram subscritos no final de 2014, já na era Novo Banco.

A Deloitte nota que "estas reestruturações implicaram para o BES e Novo Banco a substituição de dívida por instrumentos convertíveis em capital, ficando numa posição desfavorável face a outros credores dos clientes que não tenham subscrito estes instrumentos".

A auditoria aponta a falta de fundamentação por parte do BES e Novo Banco para a decisão de subscreverem VMOC. "A documentação de suporte à aprovação das operações não inclui uma explicação detalhada dos fatores que levaram o BES (e o Novo Banco no caso da subscrição de 24 milhões de euros em 2014) a eleger a opção de utilizar VMOC’s nas reestruturações", refere a Deloitte."
Esta noticia não apanha ninguém de surpresa. Esta vergonha já tinha sido exposta e discutida em pleno parlamento e é um das maiores vergonhas do futebol português e do sistema financeiro.

Aceito que o Sporting esteja a passar por enormes dificuldades financeiras e que tenha dificuldades em cumprir os seus compromissos ou que não os consiga cumprir, o que não aceito é que um banco intervencionado pelo Estado com a injecção de dinheiros públicos, faça esta "cortesia" de perdoar divida ou fazer com que o banco saia com prejuízos financeiros para não melindrar o Sporting. Negociar sim!!! Se o Sporting não podia pagar as VMOC's e o banco não quisesse ficar com as acções, primeiro não tinha feito um negócio desses logo de inicio, depois há várias formas de garantir os valores em causa sem existirem perdões.

Porque o banco não colocou na mesa um novo acordo onde parte dos passes de todos os atletas ficassem penhorados ao banco, ou mesmo a totalidade dos passes, e sempre que os jogadores fossem vendidos, as vergas iam direitinhas para pagar as VMOC´s?

Depois temos a questão da concorrência. Sinceramente, não sei se o Banco de Portugal ou a CMVM poderia intervir nesta situação mas parece-me claro que isto pode conferir uma situação de concorrência desleal. Uma coisa é negociar condições de pagamento mais favoráveis do que outros concorrentes, outra coisa são autênticos perdões!

Só neste país, e nesta Liga, é que temos um clube que se vem gabar do lucro obtido quando as dividas vencidas são mais que muitas. Num outros país, mais desenvolvido no futebol, o Sporting simplesmente ou liquidava as dividas vencidas a clubes do mesmo escalão ou não poderia inscrever jogadores, na piores das hipóteses não poderia sequer participar no campeonato. Gabar-se de 12 milhões de lucro quando não pagou no prazo o valor do Rubén Amorim é mesmo de alguém sem carácter e sem qualquer tipo de vergonha na cara e com a certeza da impunidade do nosso futebol.

O futebol Português precisa de ser repensado e o mais rápido possível!!! Seja a nível dirigente, de organização, de arbitragem, da Liga, da FPF e até das regras do jogo. Enquanto os dirigentes não remarem todos para o lado do futebol espectáculo, do futebol negócio, do futebol moderno, da era do marketing, nunca passamos desta pobreza franciscana... Estamos em 2020 mas o nosso futebol não saiu da década de 80/90...


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E-goi