Portugal 11
de Agosto de 2014
Vencemos a Supertaça, a 5ª do
nosso historial e um troféu – que apesar da reduzida importância - nos tem dado
a noção de como o FCP comanda a arbitragem nacional, já que sempre que jogamos
contra eles, ora por erros de arbitragem
mais ou menos escandalosos, ora porque se apresentam melhor preparados,
ganham-nos quase sempre.
Uma vitória suada que aconteceu
apenas no desempate por marcação de grandes penalidades e que veio confirmar o
que escrevera no texto anterior: há um
antes de Cardozo e um depois de Cardozo. Para não ofender os mais
sensíveis, também sei que houve grandes jogadores que marcaram a história
futebolística do Benfica, e que também existiu um antes e um depois deles. O
mais longe que a minha memória consegue ir é ao Rogério “Pipi”, depois temos
Eusébio, Humberto Coelho, Chalana, etc por aí em diante. E seguramente teremos que sobreviver e continuar sem Cardozo.
Mas para já fica evidente uma
conclusão que tinha tirado e que escrevi: Lima
marca mais golos ao lado de Cardozo, do que ao lado de Rodrigo ou ao lado
de Derlei, ou sozinho como ponta de lança fixo, ou táctico, que ele não é.
Aliás houve no jogo de ontem esse
equívoco que resulta da política de contratações e vendas sem orientação útil para
o lado desportivo da equipa, e que se resume a ver Lima jogando como
avançado táctico (que não é, mas também não temos mais ninguém), na 1ª parte
por acaso aquela onde acabamos por ter mais situações de golo.
Depois Jesus meteu Derlei e tirou
Talisca, ou seja, meteu um avançado e tirou um médio, redesenhando o esquema
táctico para uma espécie de 4-4-2 em losango, e como se viu, o jogo ficou mais
partido e menos dominado pelo Benfica. Até ao fim do jogo, o nosso modelo
oscilou por aí e como se viu, o Rio Ave equilibrou e podia ter ganho (com
alguma sorte) na última jogada do prolongamento.
O que não deixa de ser curioso
porque o Rio Ave jogara na 5ª feira para a Liga Europa e seria “lógico” esperar
uma quebra de rendimento na 2ª parte. Mas isso não aconteceu porque o nosso 4-4-2 sem jogadores de qualidade
elevada, como tivemos nos últimos anos, é um modelo deficiente (como tenho
várias vezes comentado) e como tal permite que um adversário cansado e de menor
valia possa controlar o nosso jogo e explorar os nossos erros (todos os
jogadores de todas as equipas cometem erros como seja perda de bolas) em
particular na 1ª fase da criação das jogadas de ataque, ao nível do meio campo.
Já tínhamos visto isso no golo do
SCP, no 2º golo do Marselha e nos 3 golos do Valência, sempre com 4-4-2 em
losango e em ambos os casos, com erros na gestão da posse de bola na zona do
nosso meio campo, que originaram rápidos contra ataques e golos adversários.
Enfim, o futebol é muito pouco
linear mas vejo erros e erros que provocam graves situações na nossa defensiva,
e vejo muito pouca gente a ligar esses
erros ao modelo de jogo do 4-4-2 losango, uma evolução do 4-4-2 clássico
que tanta “barracada” deu quer com Koeman quer com Quique Flores (em particular
na Liga Europa).
Do jogo de ontem salientaria (1) a
diferença que é jogar com os jogadores que sobraram da época passada e que não
jogaram na pré temporada como Enzo Péres, Luisão e até Jardel, (2) a diferença
para melhor que foi a 1ª parte jogada apenas com um avançado, (3) a falta que
já se nota de Cardozo e do seu futebol lento mas tacticamente útil a outros
jogadores da equipa, o que permite concluir que temos de acabar com a ideia que
avançados que correm muito é que “são bons”, (4) a arbitragem de Duarte Gomes
que começou por tirar 1 penalty claríssimo ao Benfica, aos 2 mn, num lance que
contudo o “Pravda” rotulou de “beneficio da dúvida ao árbitro” e (5) o público
benfiquista que mais uma vez arrasou na presença e apoio à equipa de futebol.
Um público de gente com mais ou menos idade, mas todos com muito sentimento e
emoção pelo Benfica. Gente que merece
ser respeitada por quem toma as decisões no clube/SAD e que manifestamente não
tem sido.
Por último, este resultado não altera a preocupação que os adeptos mais atentos
têm, no que poderá vir a ser a prestação desportiva do Benfica. Até porque
faltam 20 dias até ao fecho das inscrições em Espanha, e há muita coisa por
deciri. Ou melhor: os que têm decidido a
gestão do Benfica, do lado de fora (Jorge Mendes e Peter Lim) ainda não tomaram
todas as decisões que podem tomar. E isso a mim preocupa-me.